
Foto: Tauan Alencar/MME
O aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% e na adição de biodiesel no diesel fóssil, de 14% para 15%, são medidas-chave para a construção de um futuro mais sustentável no setor de transportes. Esta é a opinião do presidente-executivo da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), Renato Cunha, após decisão tomada nesta quarta-feira (25/06) pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Os novos percentuais entram em vigor a partir de 01 de agosto deste ano.
Segundo Cunha, as medidas, previstas desde a aprovação do Combustível do Futuro, darão impulso ao desenvolvimento socioeconômico e ambiental, inserindo o Brasil na vanguarda da transição energética global. O presidente da NovaBio, juntamente com outras lideranças da indústria de biocombustíveis, esteve no encontro promovido hoje pelo CNPE, autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
“São medidas que valorizam a produção nacional sustentável, responsável pela geração de empregos e renda para milhares de brasileiros, além de ajudar na redução de nossas importações de diesel e gasolina. É uma resposta estratégica para a volatilidade do petróleo no quase sempre turbulento mercado internacional, sem contar os benefícios ao meio ambiente”, afirmou o executivo, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).
Segundo o MME, apenas com a transição do E27 para o E30 são esperados mais de R$ 10 bilhões em investimentos e a criação de mais de 50 mil postos de trabalho. Estima-se uma queda de até R$ 0,20 no preço do litro da gasolina nos postos. A Consultoria Datagro projeta que a adoção do E30 deve resultar em um crescimento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol anidro, que foi de 11,93 bilhões de litros em 2024.
Na área ambiental, estudos conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) mostram que o E30 tem potencial para mitigar anualmente a emissão de 1,7 milhão de toneladas de gases de efeito estufa (GEEs).
Biodiesel
Inicialmente prevista para o primeiro semestre, a elevação do teor de biodiesel para 15% (B15) foi postergada pelo governo federal, frustrando as expectativas da indústria, que esperava a implementação da medida em março deste ano. Segundo justificativa do MME, os motivos para o adiamento foram a inflação dos alimentos e dos combustíveis, além das fraudes na cadeia de distribuição.
A adulteração do produto e a presença do crime organizado na cadeia de combustíveis são fatores para as preocupações do setor, que divulgou, na última terça-feira, manifesto cobrando a revisão dos cortes orçamentários na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que impactará em cheio a fiscalização de postos de abastecimento.
Segundo o Instituto Combustível Legal (ICL), a adulteração de combustíveis gera perdas de mais de R$ 30 bilhões ao ano no Brasil. O documento foi assinado pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (Brasilcom), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), ICL, Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) e Sindicato Nacional Transportador Revendedor Retalhista (SindTRR).