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Com menos cana, safra no NE tem mais açúcar e álcool

A safra 2024-2025 de cana-de-açúcar nas regiões Norte e Nordeste do Brasil registrou crescimento expressivo na produção de açúcar e etanol, mesmo com a redução da moagem total. Até o final de março, foram processadas 56,8 milhões de toneladas de cana, quantidade 3,3% inferior à registrada no mesmo período do ciclo anterior. Ainda assim, a produção de açúcar cresceu 8,3%, alcançando 3,72 milhões de toneladas, enquanto a de etanol hidratado aumentou 24,8%, somando 1,39 bilhão de litros.

Segundo o presidente-executivo da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) e do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha, esse desempenho é resultado direto da elevação do Açúcar Total Recuperável (ATR). “Embora a ausência de chuvas regulares no decorrer desta safra tenha prejudicado a cultura canavieira em 3,3% até o final de março, a seca, por outro lado, elevou os níveis de sacarose da planta, permitindo obter mais açúcar e etanol”, afirmou Cunha.

Estoques em recuperação e exportações aquecidas

Com a elevação da produção, os estoques físicos de etanol também apresentaram crescimento. Até o final de março, o volume estocado de etanol anidro e hidratado somava 320,4 milhões de litros — um avanço de 27,4% frente ao mesmo período do ano anterior. Do total, 133,1 milhões de litros eram de hidratado (+38,7%) e 187,2 milhões de litros de anidro (+20,4%).

Ainda de acordo com Renato Cunha, o açúcar nordestino deve seguir com forte presença nas exportações da região. “As vendas externas continuam concentradas para destinos como Ásia, África, Europa e América do Norte, consolidando o Nordeste como um player relevante no comércio global de açúcar”, destacou o dirigente.

Distribuição regional da produção

A maior produtividade foi observada nos principais polos de moagem do Nordeste. Alagoas liderou a produção regional com 17,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, seguido por Pernambuco, com 14,5 milhões. A Bahia aparece na sequência com 5,8 milhões de toneladas.

Nos estados do Norte, a moagem foi mais modesta, com o Maranhão alcançando 2,14 milhões de toneladas e o Pará, 0,42 milhão. Ainda assim, essas regiões contribuíram positivamente para o volume agregado da safra.

A importância do ATR e seus efeitos na indústria

O ATR (Açúcar Total Recuperável) é o índice que mede a quantidade de sacarose extraída por tonelada de cana. Esse indicador é fundamental para a indústria, pois define a eficiência da planta em converter biomassa em produtos energéticos, como etanol, e alimentícios, como açúcar.

Com o clima mais seco, os canaviais apresentaram maior concentração de sacarose, o que compensou a menor quantidade colhida. Esse comportamento já havia sido observado em outras safras, mas os resultados de 2024/2025 foram considerados particularmente relevantes pela magnitude da resposta produtiva.

Expectativas para o restante da safra

As estimativas do Sindaçúcar/PE projetam o encerramento da safra com 58,5 milhões de toneladas de cana moídas, o que representaria uma queda anual de 2%. Essa redução reflete a irregularidade das chuvas ao longo do ciclo agrícola, que afetou o crescimento dos canaviais em diversas microrregiões produtoras.

Entretanto, a expectativa da indústria é manter a performance elevada na produção de derivados, graças ao melhor aproveitamento da matéria-prima processada. As usinas também seguem investindo em tecnologias para extração mais eficiente, o que pode reforçar os ganhos na próxima safra.

Fonte: Movimento Econômico

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