O desempenho do Brasil na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), a partir deste domingo (31/10), em Glasgow, Escócia, deverá ter efeito direto para a abertura de mercados e defesa de acordos de livre comércio envolvendo o País. Diferentemente das edições anteriores, a próxima Conferência da ONU cria oportunidades reais de negócios para o etanol, modelo brasileiro bem-sucedido na produção e uso de energias renováveis no transporte. Desta vez, há possibilidades concretas de negociações com diversos países interessados em adotar a expertise e tecnologia brasileira.
Estas foram as principais conclusões do presidente da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia – NovaBio, Renato Cunha, e do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes, durante o segundo dia da 21ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol. Ambos participaram do painel “Abertura de Novos Mercados no Mundo”, mediado por Plínio Nastari, presidente da Consultoria Datagro.
“O País precisa chegar a Glasgow de forma coesa, com um inventário de emissões bastante claro e antecipando metas ambientais. Estas são questões que vão gravitar em torno de toda a Conferência”, afirma Cunha. O executivo comemora a aprovação recente de um projeto da senadora Kátia Abreu, que antecipa em cinco anos a meta de redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) assumida pelo País no Acordo de Paris assinado em 2015. O novo objetivo prevê que o Brasil deverá diminuir suas emissões em 43% até 2025, e em 50% até 2030.
Para Marcos Montes, que esteve no evento representando a ministra do Mapa, Tereza Cristina, o Brasil terá, na COP26, a oportunidade de valorizar o biocombustível como exemplo do seu compromisso ambiental, revertendo, assim, uma imagem negativa veiculada no exterior nos últimos anos. “Vamos à COP preparados para enfrentar questionamentos. Quando discutirmos mobilidade urbana, invocaremos a qualidade da nossa bioenergia, principalmente do etanol. Indiscutivelmente, podemos oferecer ao mundo uma alternativa mais limpa no transporte veicular”, argumenta.
O representante do Mapa citou a visita recente do presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez, que veio ao Brasil especificamente em busca de maior cooperação para alavancar a indústria de etanol em seu país. Renato Cunha acrescenta que a iniciativa privada pode criar parcerias com o governo federal, no âmbito dos acordos de cooperação, para o uso do biocombustível no Canadá, Vietnã, Líbano e Coréia do Sul. As tratativas com a índia estão bastante avançadas.
“A Índia será fundamental para o estabelecimento deste mercado multilateral na questão do etanol, mas existem outras prospecções. Uma delas é o México, onde a demanda por automóveis mais sustentáveis poderá representar uma oportunidade para a tecnologia híbrida flex produzida originalmente no Brasil”, ressalta o executivo, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco – Sindaçúcar/PE.
Mais NovaBio no evento
Na 21ª Conferência Internacional Datagro, a NovaBio também foi representada pelo presidente do Conselho Deliberativo da entidade, Pedro Robério de Melo Nogueira, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL).
Na abertura do evento (25/10), Robério debateu o tema “Planejamento Energético de Longo Prazo e a Rota da Mobilidade Sustentável”. Participaram da discussão o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, e Marcelo Campos Ometto, presidente do Conselho da UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Em outro painel, “Agenda Setorial”, Nogueira apresentou a sustentabilidade da produção alagoana de cana-de-açúcar ao lado de diversas lideranças do segmento canavieiro.