Em 2008 e 2009 o setor sucroenergético nacional viveu uma hecatombe causada por uma política errática de preços de combustíveis no País, o que afetou a competitividade do etanol frente à gasolina e levou muitas unidades industriais à falência. Este golpe foi ainda maior para os produtores do Nordeste, que no período sofreram anos sucessivos de déficit hídrico, problema que vem ocorrendo com maior frequência desde então.
Este quadro foi descrito por Pedro Robério de Mello Nogueira, presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia – NovaBio, em painel virtual realizado nesta quarta-feira (05/05) pela Consultoria Datagro. “A irregularidade climática tem ocorrido com muita frequência no Nordeste. Não temos a capacidade de mudar a dinâmica do clima, mas podemos atenuar os seus efeitos com políticas mais estruturantes”, afirmou Nogueira.
Segundo o executivo da NovaBio, que congrega 35 usinas em 11 estados brasileiros, as iniciativas mais urgentes para se combater o déficit hídrico são o cultivo de variedades de cana mais resistentes a intempéries e, primordialmente, a irrigação, método de primeira necessidade para as lavouras nordestinas. “A irrigação irá proporcionar uma hidratação no ciclo vegetal adequado. Além disso, aplica os nutrientes na ‘veia’ do solo”, explica.
Também participaram do evento, como palestrantes, Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, diretor geral do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, Fábio Ricardo Marin, professor de Agrometeorologia e Modelagem Agrícola da ESALQ/USP e Felipe Soares, analista sênior de Clima da Datagro.Em convergência com Pedro Robério, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas – Sindaçúcar-AL, o professor da ESALQ destacou os dados da Agência Ambiental Americana (Environmental Protection Agency – EPA, na sigla em inglês) mostrando que, apesar de um aumento nas médias de produção de grãos nos Estados Unidos, os grandes reveses estão sempre relacionados com o clima, ocasionando doenças e secas. Para Miguel Ivan, o clima será o grande ativo do futuro. Já Felipe Soares fez uma análise do comportamento da chuva na região Nordeste, apontando os meses de janeiro e fevereiro como os mais secos deste ano.