Na visão da indústria sucroenergética do Norte e Nordeste, caso as chuvas se mantenham regulares no inverno, a safra 2022/2023 de cana-de-açúcar na região poderá crescer entre 3% e 5%. A informação foi dada por Renato Cunha, presidente-executivo da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia – NovaBio, durante webinar do Jornal Cana realizado nesta quarta-feira (09/03).
“Sob o ponto de vista agrícola, entendo que temos condições de crescimento, embora seja muito cedo fazer uma previsão completa. Afinal, estamos com a safra em curso, e a próxima só se iniciará em julho/agosto. Há todo um inverno pela frente”, enfatizou Cunha. O executivo participou do evento ao lado de Pedro Robério Nogueira, presidente do Conselho Deliberativo da NovaBio e de Luiz Carlos Queiroga, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia (Sindaçucar/BA).
No ciclo de moagem atual (2021/2022), até o dia 15 de fevereiro, a produção canavieira no Norte e Nordeste atingiu 49,78 milhões de toneladas, volume 2,9% maior do que o verificado em igual período do ano passado, quando foram esmagadas 48,62 milhões de toneladas. A expectativa é de que as unidades industriais processem um total de 53 milhões de toneladas até o final da safra.
Na segunda quinzena de fevereiro, a produção de açúcar registrou queda de 4,6%, com 2,64 milhões de toneladas ante 2,76 milhões de toneladas produzidas no ano passado. Já a fabricação total de etanol, somando anidro e hidratado, foi de 2,01 bilhão de litros, praticamente estável em relação ao ciclo de moagem anterior.
Destaque para o anidro, com 998,63 milhões de litros, quantidade 7,9% superior à safra 2020/2021, quando se produziu 925,60 milhões de litros. O hidratado apresentou queda de 7,3%, registrando produção de 1,01 bilhão de litros face aos 1,09 bilhão de litros entregues no ciclo anterior. Segundo Cunha, este decréscimo se deve a redução do consumo do produto em decorrência da crise sanitária provocada pela Covid-19.
Chuva e replantio
Sobre a precipitação pluviométrica no Norte e Nordeste, o presidente da Novabio avalia que houve melhora recente na média mensal, embora “os meses de dezembro e janeiro tenham sido os mais ‘sacrificados’ para os produtores”.
Cunha, que também preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco (Sindaçucar/PE), também analisou positivamente dados da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA), cuja estação no município de Carpina (PE) indica a renovação de 13% dos canaviais pernambucanos na safra em andamento. Na Paraíba e Rio Grande do Norte, este índice é de 17%.
Venda Direta
A venda direta de etanol hidratado para os postos de combustíveis também foi avaliada pelo presidente-executivo da NovaBio. “A instabilidade regulatória afetou um pouco a segurança jurídica da operação. Trata-se de uma iniciativa justa, cujos resultados em breve aparecerão. Nada justifica a frustração da minoria de observadores apressados e equivocados”, ressaltou.
Cunha também enfatizou a necessidade de se construir, no Brasil, uma política de abastecimento “regional”, a qual deslancharia e poderia, assim, acarretar mais competitividade, aumentando a produção e gerando empregos no Nordeste.
“Não podemos concordar com a ideia de que uma região com 56 milhões de consumidores seja condenada a não crescer nem em produção e nem em menos sazonalidade no abastecimento mensal e anualizado”, explica.